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RINOTRAQUEÍTE INFECCIOSA BOVINA

22/07/08 - 11:14

O Herpesvírus Bovino tipo 1 (HVB-1) é o agente causador da Rinotraqueíte Infecciosa Bovina/Vulvovaginite Pustular Infecciosa Bovina (IBR/IPV) (Roizman et al., 1995). A via mais importante de transmissão é horizontal que ocorre pelo contato direto entre os animais e também pela cópula; porém o embrião e feto podem infectar-se pela via vertical (transplacentária). A transmissão indireta ocorre principalmente por aerossóis, fômites, tendo a inseminação artificial importante papel na entrada da doença em rebanhos que nunca tiveram contato com o vírus (Lemaire et al., 1994).

Em bovinos, o HVB-1 provoca uma variedade de sinais clínicos: respiratório (rinotraqueíte em animais jovens e adultos, abortamento, conjuntivite) e genital (vulvovaginite pustular nas fêmeas, balanopostite nos machos). O vírus é também responsável por nascimento de animais débeis e quadros de enterite, causando a morte de neonatos (Lemaire et al., 1994).
O HVB-1 está disseminado por todas as regiões do Brasil, atingindo elevados índices de infecção nos rebanhos (Pituco et al., 1999a; Richtzenhain et al., 1999a). Dados do Laboratório de Viroses de Bovídeos do Instituto Biológico, referentes ao período de janeiro de 2001 à dezembro de 2002, mostram que de 398 fetos recebidos de vários Estados, de rebanhos com problemas reprodutivos, 1,51% (6/398) foram positivos ao HVB-1 e que de 11.892 amostras de soro recebida, 48% (5694/11892) foram sororeagentes.

Os Herpesvírus induzem latência, caracterizada pela presença do genoma viral nos gânglios nervosos, principalmente no trigêmeo e sacral, sem produção de progênie viral (Engels & Ackermann, 1996). O animal portador latente pode reativar o vírus, quando é exposto à fatores predisponentes estressantes, que diminuem a resistência imunológica (Ackermann et al., 1982) e assim eliminar partículas virais, na maioria das vezes sem apresentar sintomas clínicos (Lemaire et al.,1994).
Uma vez tendo sofrido infecção primária, o animal será portador do HVB-1 por toda a sua vida, potencialmente atuando como fonte de infecção para indivíduos susceptíveis, assegurando a permanência da infecção no plantel (Lemaire et al.,1994).
O impacto econômico desta enfermidade é observado pelo retardo do crescimento de animais jovens, menor produção leiteira, morte embrionária e fetal, abortamento com maior freqüência, no segundo e terceiro trimestres de gestação (Barr & Anderson, 1993; Kirkbride, 1985), reduzida eficiência reprodutiva de matrizes e touros (Kahrs, 1977; Lemaire et al., 1994; Alfieri et al., 1998), além das restrições ao comércio internacional de animais vivos e seus produtos como sêmen, embriões e produtos de biotecnologia, previstas no Código Internacional de Saúde Animal (OIE, 2001).
Países europeus com baixa prevalência do HVB-1 nunca permitiram o uso de vacinas e erradicaram a enfermidade utilizando sorodiagnóstico e eliminação dos animais reagentes (Ackermann et al., 1990a; Ackermann et al., 1990b; Straub, 1991). Quando a prevalência do HVB-1 é elevada, a erradicação torna-se onerosa pelo custo dos descartes, sendo mais viável neste caso a utilização de vacina com marcador genético para reduzir a prevalência da infecção, sem no entanto, prejudicar o monitoramento para avaliação do resultado, pois esta permite a diferenciação entre animais infectados e vacinados utilizando um teste ELISA (Van Oirschot et al., 1996), porém a comercialização desta vacina não está autorizada no Brasil e no momento dispõe-se de vacinas convencionais para o controle da doença.
Programas de combate ao HVB-1 podem ser empregados utilizando estratégias que incluem ou não a vacinação dos animais, tendo como objetivos controle e/ou erradicação da enfermidade, considerando-se a prevalência da doença, os objetivos da propriedade ou da região em questão. No Brasil, bovinocultores combatem o HVB-1 voluntariamente, porém faltam diretrizes dos órgãos competentes de Defesa Sanitária Animal para que estas realmente tragam os benefícios esperados. Deve ser considerado, contudo, que a tendência da maioria dos países europeus é a erradicação do HVB-1, utilizando vacinas com marcadores genéticos e eliminação de portadores do vírus.

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