GIR
Fonte: Associação Brasileira
dos Criadores de Gir e ARAUCÁRIA Genética Bovina
Talvez seja a raça zebuína mais antiga do planeta, segundo
sugestões da literatura sagrada hindu. Na rota das migrações humanas que iriam
formar o futuro povo ariano e que povoavam o norte da África, temporariamente,
estava o bovino ancestral da raça Gir, o qual teria permanecido na região de
Kathiavar desde aqueles remotos tempos.Recentes estudos antropológicos reforçam
essa teoria, mostrando que os povos migravam, a pé, do norte africano para o
subcontinente indiano. Aquelas tribos seguiram viagem, mais tarde, até o
interior asiático, fixando uma civilização na região de Gobi, enquanto o
território indiano mergulharia no esquecimento por mais de 80 mil anos. Nesse
período de esquecimento, teria sido aperfeiçoado o gado Gir, principalmente na
região de Gir, famosa pelas florestas, no Kath lavar, onde abundavam leões e
outras feras. O Gir ficou famoso como boi-de-luta e alguns autores mencionam
que os chifres voltaram-se para baixo e para trás devido as intensas e
constantes batalhas na região.
Mais tarde, por volta de 20.000 a.C. ou, segundo outros autores, por volta de
5.000 a.C., as tribos de arianos remanescentes no deserto de Gobi, migraram
para a Índia, entrando pelo estreito de Khebyr, trazendo consigo o gado de
giba. Estes povos arianos teriam trazido apenas o gado branco-cinza do norte da
Índia, não havendo menção sobre o Gir, ou o Guzerá. Estas duas raças, pelo que
tudo indica, já estavam na Índia naqueles tempos.
Morfologicamente, sua antiguidade também se manifesta pela conformação
craniana: é a única raça bovina com chifres voltados para baixo e para trás, e
de crânio ultra-convexo, no mundo. Uma vez que ainda existem bubalinos e ovinos
de chifres voltados para baixo e para trás - no próprio Kathiavar - conclui-se
que o Gir é o único bovino que deve ter tido um ancestral comum com essas
subespécies, há milhões de anos atrás.
A raça chegou ao Brasil em 1911, mas foi no final da primeira Guerra Mundial
que, de fato, tornou-se figura comum. Inicialmente, o sucesso do Gir ficou
patenteado pela consolidação da raça Indubrasil. Em meados da década de 1930,
pecuaristas sentiram a necessidade de tornar as raças puras indianas e o Gir
iniciou um período de ouro com animais atingindo valores astronômicos.
Durante a Segunda Guerra mundial, os mestiços de Gir chegaram até a receber um
preço especial, pela conformação frigorífica e pelo rendimento de carcaça, em
Barretos (SP). Nessa época o Gir espalhou-se, de norte a sul, permitindo a
ocupação de territórios nunca antes explorados. Em meados da década de 1960,
para atender o enorme mercado propriedades leiteiras, diversos selecionadores
passaram a segregar as fêmeas de Gir de aptidão leiteira. Dividiu-se assim o
horizonte da raça em dois: linhagens para leite e linhagem para corte - ao
mesmo tempo em que os selecionadores tradicionais atingiam o ponto alto no
aperfeiçoamento racial.
As importações do inicio da década de 1960 permitiram a introdução de novas
linhagens leiteiras, embora com menor influência na seleção para carne. Devido
ao acelerado melhoramento na produtividade leiteira, rapidamente o sangue Gir
chegou a 82,4% das propriedades brasileiras que, de alguma forma, exploravam o
leite.
Na década de 1980 firmaram-se apenas duas orientações: leite e padrão, também
na vertente mocho; sendo que a seleção para carne foi drasticamente reduzida,
mas volta agora após a virada do século a ser novamente selecionada por um
grupo de criadores.
Principais características: pelagem vermelha ou amarela em combinações típicas
da raça: gargantilha, chitada, rosilha e moura, sempre sobre pele bem
pigmentada. O perfil craniano ultraconvexo (com fronte larga, lisa e
proeminente) e marrafa bem jogada para trás (onde nascem os chifres de seção
elíptica, achatada, grossos na base, saindo para baixo e para trás), completam
com detalhes o padrão racial do gir. Sua natureza gregária e o temperamento
dócil contribuíram para sua expansão no Brasil.
Foto Gir Mocha
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